quinta-feira, janeiro 22, 2009

Porque me Tornei uma Mosca



E, como eu queria muito, acordei em 2009 em forma de uma mosca. Aviso ao Gregor Samsa: você deu azar. Agora vôo para qualquer lugar, que não tenha mata-moscas nem muitos pássaros esfomeados, é claro, e posso ver o que se passa na vida dos outros.

Não é fácil ser uma mosca, ou mosco no meu caso. Dizem que mosca adora botar bernes na cabeça dos outros, ou passear pelas bostas alheias e depois pousar em ensopados. Mas estou aqui como porta-voz desses bichinhos voadores para dizer que somos apenas curiosos. Ingemar Jansson me confessou que perdeu toda sua curiosidade, mas eu não queria ir pelo mesmo caminho. Então me tornei uma mosca.

Ser uma mosca é um grande remédio para a minha timidez. Posso primeiro te observar para saber como você é e evitar constrangimentos, como ficar sem assunto, por exemplo. E aos poucos vou deixando pra trás aquela casca anti-social que havia até então. Só que tenho que me esforçar. Como é da minha natureza ser fechado, não é da minha natureza ser uma mosca.

Com aquele corpo grande e desajeitado não conseguia entrar na vida de ninguém. Precisava me socializar, por isso estou aqui para dizer: qualquer dia passo na sua casa e você está convidado para vir até a minha. Mas nada de chinelos Havaianas, nem de qualquer marca, sou chinelofóbico. Fora isso, olá, tudo bem?

Feliz 2009!