quinta-feira, outubro 26, 2006

Crônicas de um Passat 78

A entrega

O dono do Passat o levou até a minha casa no bairro Portão, mas eu tinha que levar o sujeito de volta ao bairro Fazendinha. Pra quem mora em Beverly Hills, Batel ou Alphaville, o Fazendinha fica bem longe, mais ou menos na borda do mundo.

Era um domingo à noite com neblina e o lobos uivavam no Fazendinha.
A medida que me adentrava no bairro do nosso amigo, o antigo proprietário naturalmente foi conversando comigo, porém os assuntos não estavam sendo dos mais alentadores.

Ele revelou que era ex-policial e que havia muitas pessoas que não eram muito chegados a sua pessoa e que muitos deles conheciam detalhes da vida dele, inclusive o carro que ele usava, no caso, o que eu estava dirigindo naquele instante. Como eu ia pagar com cheques pré-datados pensei “ah, ele só está fazendo medo pra eu não sacanear com o pagamento”. Mas a realidade mostrou-se mais aterrorizante.

Próximo do destino, as ruas ficavam mais escuras, a neblina e o cheiro de carne repousavam mais intensamente pelo ar. Então ele me instruiu que ao voltar para minha casa parasse o carro e abastecesse imediatamente, já que a gasolina estava na reserva. Um frio correu pela espinha. Parei a uma quadra de sua casa (o pavimento não havia chegado àquela rua do Fazendinha e havia chovido na véspera). Antes de ele saltar, tateou os bolsos e disse “Puta merda, esqueci o meu revólver. Mas ok, pode ir”.

A essa altura estava mais preocupado em parar em uma farmácia para providenciar uma fralda do que abastecer o Passatão. Mas a uma velocidade nunca vista antes no bairro da Fazendinha atravessei as ruas esburacadas e sinistras e consegui abastecer o veículo e prosseguir ao meu destino de casa.

7 comentários:

  1. meu! sinistro!!!!
    total associação com filme de terror B, daquele onde o monstro nao aparece - inteiro - mas ficou muito boa a mesclagem humor-ficção-terror. Seria essse o resultado de suas aulas de cinema nos períodos avançados? ou apenas uma aleatoriedade de sua cabeça de engenheiro-ator-publicitário???

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  2. Opa, elogio vindo de um ídolo (meu ídolo autista) é excelente. Veja, vem da minha cabeça multi facetada e multi minhocada, porém não é uma aleatoriedade, é fruto de muito, muito... alguma coisa muito. That´s it. Acho.

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  3. "engenheiro-ator-publicitário"
    está é uma otéma definição para meu respectivo marido. Tinha que vir do João Autista.

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  4. Gostou Xuxu? Eu tbém. Por isso sou fã do Jão. bjs

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  5. hihihihi assim eu ficar envergonhado
    até no meu mundinho ^^
    panda proceis

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  6. Olá,excelente teu BLOG.Fiquei entusiasmado e sorridente como um bobo,aos olhos dos que não sabem ou nem mesmo acreditam na veracidade dos relatos de tantos que poderiam ter sido simples acontecimentos, transformados em verdadeiras aventuras;inclusive,algumas das quais sou testemunho,a bordo do Passatão 78 entre outras...
    És um privilegiado por'deixar-se'envolver nesses fragmentos e às vezes estilhaços da história,vividos como em cenas que parecem surgir do acaso,mas,nitidamente,são os resultados de uma postura que se opõe ao óbvio rotineiro geralmente frustrante à que tentam nos impôr.Postura ou escolha,que nos permite tranformar nossas rotinas em um filme,uma peça de teatro ou qualquer outro que faça da vida um verdadeiro espetáculo!!!
    Abraços!

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  7. Sim Cassi, é verdade, vc já pilotou o Passatoso em Chapecó city, maravilha. Aliás a cidade foi palco de um dia inesquecível dia em q aceleramos loucamente um gol turbo (mas nem tanto, huahua) em frente à república CRC até qse vomitarmos de tanto rir. Maravilha garoto, q bom q gostaste do blog, abs

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